sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O Cobrador - Íntegra

"É história que vocês querem? Então toma! Mas o primeiro tapa é meu. Caraca, esse tapa doeu hein, até pedido de desculpas. Mas tudo bem, página virada."

A história começa numa bela noite de 19 de Novembro de 2006, 8 pessoas paradas no ponto final do ônibus, quando cai uma tremenda chuva, que aliada ao vento, não há ponto que proteja nem guarda-chuva que não molhe. Ao que motorista e cobrador fecham a porta do ônibus e deixam o pessoal do lado de fora tomando a chuva.
Entre as pessoas, eu, meu amigo, que por sinal estava aniversariando, e só queríamos ir até a Lapa comer um Dog, um rapaz com um instrumento, um casal com um bebê e uma senhora, devia ser a mãe da esposa, e um senhor com aqueles guarda-chuvas enormes, que no final das contas só serviu para entortar e deixar o pobre tomar toda aquela chuva.
A chuva começou por volta das 20:15, e os dois dentro do ônibus dizendo que só iria sair às 20:45, e mesmo assim, não deixaram a turma do ponto subir. Aos poucos, depois de uma chuva incessante que molhou a todos porque não teve jeito, um a um foi se retirando e voltando para casa.
Ao final, restaram apenas 2 pessoas, eu e meu amigo, que não arriamos o pé dali, afinal, ali estava molhando, mas fora dali molharia muito mais. 20:50 eles abriram a porta, quando a chuva já estava mais amena, e com uma voz acanhada, com medo de sei lá o que podia acontecer, o motorista nos diz: "- Pode subir.".
Permanecemos imóvel, em frente a porta do ônibus, enquanto ele engolia a seco o remorso de nos ter deixado tomar aquela chuva, não só nós dois que ainda estávamos lá, mas os senhores de idade, a criança no colo da mãe, o rapaz com o instrumento, todos. Não subimos, nem fazíamos mais questão, permanecemos parados. Depois de 5 minutos a porta foi fechada, e um chinelo foi atirado na janela, só pela atitude Punk de mostrar que não precisaríamos daquele ônibus.
Três meses depois, começo a pegar todos os dias o mesmo ônibus, e no horário do mesmo cobrador, e vejo coisas que acontecem que me deixam injuriado. Até que um dia surge uma das "amigas" de percurso e diz sobre a comunidade do ônibus no Orkut, que estava parada, que faltava história, daí a frase postada por mim nesse blog em Outubro:
"É história que vocês querem? Então toma!"
A história foi parar na comunidade, a mesma que relato aqui hoje, com alguns detalhes a mais, que as "amigas" não gostaram de ver, como por exemplo a minha visão de homem do que ele estava fazendo, a visão que qualquer homem teria se fosse a mulher dele que estivesse no lugar das "amigas", e usei termos de baixo escalão também, que não convém postar aqui, esse não é o intuito desse Blog.
Um tempo depois, o povo estava revoltado, querendo saber quem foi que escreveu tudo aquilo, nunca vi tanta gente na comunidade de um simples ônibus, só por causa da história. O cobrador desconfiou de quem seria, mas não disse a ninguém, ao invés disso, veio falar comigo, um dia que estava ele e o motorista sozinhos no ônibus. Ele veio me perguntar se fui eu que tinha escrito aquilo tudo, eu disse que sim, e ele disse que o pessoal leu e disse pra ele, perguntei o que ele achou, ele disse que peguei pesado e pediu pra tirar, fiquei olhando pra cara dele, sem dizer uma palavra, e ele me PEDIU DESCULPAS por aquele dia, na hora me senti vitorioso.
Na mesma noite entrei na comunidade e anulei a história, me redimindo do que disse. Não vi nenhum problema em fazer isso, afinal, um pedido de desculpas foi o mínimo a ser feito, nada melhor que demonstrar gratidão por isso.
Por isso a parte "Página Virada".

E ainda dizem que tem horas que sou mau, sou nada, às vezes sou sincero demais, só isso.

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